domingo, 15 de novembro de 2009

Derretimento da Groenlândia se acelera

O degelo está se acelerando na segunda maior massa de gelo do mundo, a Groenlândia, que nos últimos nove anos perdeu 1,5 trilhão de toneladas de água- o suficiente elevar o nível do mar em mais de 4 milímetros. O número é apontado em um estudo publicado na edição de hoje da revista "Science", liderado por Eric Rignot, geocientista da Nasa.

"Nenhuma notícia boa por aqui. Sinto muito", disse o cientista em entrevista à Folha. Segundo ele, a aceleração do derretimento se verifica desde 2006 em um nível sem precedentes. Isso pode ser apenas uma oscilação normal -em alguns anos o gelo derrete mais, em outros menos. Mas, se for uma tendência, trata-se de mais um sinal de que o planeta está esquentando rápido.

Jefferson Simões, glaciologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, diz que não se trata de mero acaso. "É preciso ver que esse não é um estudo isolado, existem várias outras evidências científicas, tudo vai se somando."

Os números, de qualquer forma, impressionam. Nesta década, as regiões que mais derreteram, aquelas próximas ao oceano, chegaram a perder mais de uma tonelada de água -uma caixa d'água cheia- por metro quadrado por ano.

Outro dado novo é sobre o destino do gelo perdido. Cerca de metade dele se transforma em icebergs, perdendo contato com a Groenlândia. A outra metade se torna lagos de água líquida sobre a superfície de gelo, dizem os cientistas.

Além de servir como sinal de aquecimento, o derretimento do gelo tem uma consequência imediata a elevação do nível dos mares e, com isso, o alagamento de regiões litorâneas.

Se a Groenlândia derretesse por completo, os oceanos subiriam sete metros -uma catástrofe global para áreas costeiras. Nem os pesquisadores mais pessimistas, entretanto, acreditam que isso acontecerá.

O estudo na "Science" pode forçar uma revisão das previsões de 2007 do painel do clima da ONU (o IPCC) sobre o assunto, dizem os cientistas.

Estimava-se que os mares, na pior das piores hipóteses, subiriam no máximo 58 centímetros até 2100. "Levando em conta o novo cenário, eu diria que existe uma real possibilidade de ultrapassarmos esse valor", diz Jonathan Bamber, físico da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e um dos coautores do estudo.

"O valor da ONU é muito pequeno. Infelizmente, o gelo está derretendo rápido. Eu estou preocupado", diz Rignot.

Falta a Antártida

Para ter certeza que não estavam cometendo erros, os cientistas utilizaram dois métodos diferentes. Um deles usou dados obtidos em solo, outro, via satélite, e os resultados estavam de acordo um com outro.

Para saber com precisão o que vai acontecer com o planeta no futuro, será necessário fazer algo similar com a Antártida. Apesar de o continente gelado ter 90% do gelo mundial -e, portanto, ser muito mais decisivo do que a Groenlândia-, sabe-se relativamente pouco sobre o degelo por lá.

Ainda não existe para a Antártida um estudo como este que sai agora na "Science", diz Simões. "É o único local onde ainda não está clara a situação, ela é a grande incógnita."

Os cientistas sabem que a Antártida está passando por um aumento de temperatura e que vem perdendo gelo. Mas ainda é difícil quantificar.

"Sabemos que a região mais central e alta está tranquila, estável, se alguém falar que está mudando é bobagem. O nosso receio é que os derretimentos que estão ocorrendo no norte da península Antártica se espalhem", diz Simões. (FSP)

Menos pessoas ou mais comida?

Qual é hoje a questão central, mais grave, no mundo? A população de 6,8 bilhões, que pode chegar a 9 bilhões em 2050 (ou a 12 bilhões, segundo demógrafos mais pessimistas)? O consumo de recursos e serviços naturais, já quase 30% além da capacidade de reposição do planeta (e que tende a crescer mais)? A fome (mais de 1 bilhão de pessoas) e a pobreza (cerca de 40% da humanidade)?

Há poucos dias, 300 especialistas reunidos em Roma pela Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO), da ONU, discutiram esta questão central: como produzir o suficiente para alimentar toda a atual população global e mais 35% (pelo menos) que a ela se acrescerão nas próximas décadas. Eles entendem que terras suficientes há, desde que se consiga aumentar muito a produtividade por hectare e se invistam US$ 83 bilhões por ano nos países mais pobres, mais de metade dos quais em mecanização e irrigação; hoje, o nível de investimentos nesses lugares está em US$ 23 bilhões por ano. Isso permitiria aumentar a produção no mundo em 70%. Mas também será necessário mudar a legislação sobre propriedade intelectual de sementes de alimentos, que, segundo eles, "ameaça a pesquisa e a biodiversidade", além de favorecer a manutenção de um mercado oligopolizado de alimentos (três empresas dominam 47% do mercado de sementes comerciais no mundo).

Um exemplo dramático pode ser o da África Subsaariana, hoje com cerca de 800 milhões de pessoas, que serão pelo menos 1,5 bilhão em meados do século. Mais de 200 milhões já passam fome. A produtividade agrícola ali, de 1,2 tonelada por hectare, é menos de metade da média nos demais países pobres, de 3 toneladas por hectare. E só 3% das terras são irrigadas; 80% das propriedades rurais têm menos de 2 hectares. Mas a moeda tem outra face: os pobres africanos (como os asiáticos) emitem 0,1 tonelada de dióxido de carbono por ano, enquanto o norte-americano médio emite cerca de 20 toneladas. Sir Nicholas Stern, consultor do governo britânico, diz que no Brasil a emissão média per capita está entre 11 e 12 toneladas anuais. Aqui, diz a Pnad (Boletim do Ipea, 25/9) que uma pessoas que faça parte do segmento mais rico (1% da população) gasta em três dias o que uma pessoa pobre gasta em um ano; e que no ritmo atual serão necessários mais 20 anos "para chegar a um patamar que possa ser considerado justo".

Vale a pena tomar conhecimento de uma discussão sobre esses temas dos limites globais promovida pela revista New Scientist (26/9) com alguns pensadores respeitados. Fred Pearce, da própria revista, acha que o problema não é população, é consumo excessivo. O biólogo Paul Ehrlich, da Universidade da Califórnia, autor de The Population Bomb, pensa que os 2,3 bilhões de pessoas que nascerão até 2050 afetarão o planeta mais que os últimos 2,3 bilhões, já que a maior parte nascerá nos países mais pobres e terá muito mais necessidades a suprir (Uganda, por exemplo, triplicará sua população de 33 milhões). Para enfrentar a questão será preciso reduzir o consumo das pessoas mais ricas e melhorar muito o sistema educacional e de saúde, dar mais oportunidade de trabalho às mulheres.

Já o professor Jesse Aubels, da Universidade Rockefeller, acredita que a solução virá de tecnologias que permitam produzir mais em menos terra, gerar mais energia com equipamentos mais eficientes e não poluentes, replantar florestas, mudar hábitos de consumo (uma dieta vegetariana, diz ele, pode ser viabilizada com metade da área exigida por uma alimentação à base de carnes). Na sua opinião, novas tecnologias permitiriam ao planeta ter até 20 bilhões de pessoas.

Fred Pearce, autor de Peoplequake (terremoto populacional), entende que, mesmo se se estabilizar a população (com a queda da taxa de fertilidade das mulheres), o consumo continuará sendo a questão crucial, tanto pelo lado da sobrecarga em matéria de recursos e serviços naturais como pelo ângulo das emissões de poluentes que afetam o clima, intensificadas pelo alto consumo. Hoje, lembra ele, os 500 milhões de pessoas mais ricas (7% da população mundial) respondem por 50% das emissões; os 50% mais pobres da população (3,4 bilhões) respondem por 7% das emissões totais. Um norte-americano emite tanto quanto toda a população de uma pequena cidade africana.

Reiner Klingholz, diretor do Instituto para População e Desenvolvimento, de Berlim, entra por outros ângulos. A redução da população também pode ser problema, porque em 2050 na Itália e na Alemanha, por exemplo, uma em cada sete pessoas terá mais de 80 anos; com uma população jovem menor, quem as sustentará? E quem pagará os custos cada vez maiores do saneamento, da energia e de outros benefícios imprescindíveis para mudar o mundo? Como enfrentar simultaneamente os desafios demográfico e ecológico? Haverá lugares onde será indispensável diminuir o crescimento populacional, como haverá outros em que será preciso aumentar a população, principalmente depois de 2045, quando se atingirá o "pico do envelhecimento". Sejam quais forem os caminhos, diz ele, será preciso aumentar muito a produtividade no mundo, sem sobrecarga nos recursos naturais.

A revista alinha uma série de lugares no mundo onde se tem avançado muito em termos de energias, produtividade, transporte, manejo de resíduos, etc. Mas talvez seja melhor terminar perguntando: e o Brasil, por onde irá? As divergências entre áreas de governo sobre caminhos para reduzir as emissões de poluentes mostram que estamos longe de chegar ao centro da questão. Se não conseguimos um consenso sequer em torno de formatos para eliminar o desmatamento na Amazônia e no Cerrado, ao mesmo tempo que mais de metade das nossas pastagens está degradada, o que se pode esperar? Se ainda há quem pense que assumir compromissos de redução de emissões pode "comprometer o desenvolvimento econômico", por onde vamos sair? (oesp)

Washington Novaes é jornalista

Dicas semanais de sites

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