domingo, 29 de novembro de 2009

O vinil de todos os tempos

O chiado das velhas bolachas, a arte de acertar a agulha no início da faixa preferida, as mensagens satânicas que podem ser ouvidas rodando o disco de trás para a frente, as capas e os encartes maravilhosos, alguns assinados por artistas como Andy Warhol, a barreira física de pouco mais de 20 músicas de cada lado, onde cabem até seis petardos de roqueiros como os Ramones, ou o Bolero, de Ravel, dependendo do gosto do freguês... Esse mundo do disco de vinil parecia enterrado para sempre com o advento do CD, em meados dos anos 80. Numa das reviravoltas mais surpreendentes e carregadas de ironia da história da indústria musical, eis que a situação hoje é mais ou menos a seguinte: o CD perdeu grande parte de seu encanto e parece estar com os dias contados, atropelado pelo tráfego de arquivos musicais na internet e todas as suas consequências, como o iPod; enquanto isso, o LP ressurge das cinzas e, como atestam as vendas crescentes de álbuns e de equipamentos analógicos, tem mais chance de garantir um lugar ao sol no século 21, ainda que apenas como um nicho de mercado.

Nos Estados Unidos, o principal mercado do mundo, as vendas de LPs em 2009 devem chegar a 2,8 milhões de unidades, ou 50% mais que o número de 2008, segundo dados da Nielsen SoundScan, entidade que monitora a indústria fonográfica. Os CDs seguem em direção contrária, embora representem um mercado muito maior. A última estatística disponível, referente a setembro, chegou a ser comemorada -- queda de "apenas" 5,9% nas vendas. O sopro de otimismo da indústria ocorreu porque foi o segundo mês do ano com um declínio menor que dois dígitos. Em resposta a esse ressurgimento do som analógico, a indústria de equipamentos de som vem apresentando versões para o século 21 dos toca-discos. Durante boa parte dos anos 80 e 90, a tecnologia desse produto simplesmente hibernou e ele era visto com mais frequência nas mãos de DJs do que nos equipamentos de som domésticos. Agora, a coisa mudou. Agulhas de ouro, dock para gravação das músicas direto para um iPod e feixe de laser para ler os sulcos das bolachas estão entre os acessórios disponíveis nessa nova geração de vitrolas. Os preços podem superar os 500 000 reais.

No Brasil, embora não existam estatísticas referentes às vendas de LPs, é possível ver que algo diferente está acontecendo por meio de pistas indiretas. A principal delas é a reabertura da Polysom, no Rio de Janeiro, prevista para ocorrer no próximo mês. A Polysom foi a última fábrica de discos de vinil a fechar no país, em outubro de 2008. O espólio acabou nas mãos do empresário João Augusto, dono da gravadora Deckdisc, que ficou com o negócio ao assumir as dívidas da Polysom (ele não revela o valor da transação). "Estamos nos preparando para produzir quase 30 000 LPs por mês", diz. As gravadoras nacionais que lançam álbuns de seus principais artistas com versões em vinil (uma política cada vez mais comum aqui e lá fora) são obrigadas hoje a importar a matéria-prima. A Sony do Brasil, por exemplo, colocou na praça no início deste ano a coleção Primeiro Disco, com bolachas de artistas como Chico Science & Nação Zumbi e João Bosco. Em 2010, a coleção segue com AC/DC, Pink Floyd e outros astros internacionais.

O relançamento de bolachões de alguns dos dinossauros do rock pode dar a falsa impressão de que o renascimento do vinil faz parte de uma onda saudosista, da mesma veia retrô que transformou as velhas geladeiras em objetos descolados de decoração. Na verdade, até consumidores da era digital andam à procura de LPs e toca-discos nas lojas especializadas. Na montagem de modernos home theaters, os equipamentos de som analógicos passaram a ser itens cada vez mais requisitados. "Em 20% dos projetos, nossos clientes pedem para incluirmos toca-discos", afirma Patrícia Duarte, uma das sócias da Raul Duarte, um dos pontos de venda mais tradicionais de São Paulo no comércio de aparelhos de som de última geração. Além da qualidade sonora - para muitos audiófilos, o vinil ganha de goleada do CD nesse quesito -, a falta de praticidade do produto é, curiosamente, um dos diferenciais que provocam fascínio entre os compradores. "Não dá para ouvir um vinil no ônibus, na praia, na pista de cooper", afirma o baterista Charles Gavin, que se divide entre o trabalho com os Titãs e as funções de produtor musical especializado no relançamento de pérolas perdidas no catálogo das gravadoras. "As novas gerações estão descobrindo o prazer que há no ritual de colocar um disco para ouvir na vitrola. Para essa turma, é uma forma diferente de degustar suas bandas preferidas." (exame)

Um gringo no meio do rapa

Professor do Massachusetts Institute of Technology, o psicólogo israelense Dan Ariely é um especialista em comportamento do consumidor. Autor do livro Previsivelmente Irracional, lançado no ano passado, Ariely prega que as várias decisões que tomamos são influenciadas por forças invisíveis, como emoções e normas sociais, e que nos induzem a fazer escolhas "previsivelmente irracionais". Ao ser convidado por EXAME para visitar a rua 25 de Março, no centro de São Paulo, Ariely foi avisado de que o lugar era um centro de compras de rua que nada lembrava os shopping centers. Ao chegar à região numa tarde de setembro, o professor se disse encantado com o que viu. "É um lugar muito excitante, cheio de cores, barulho, ação e ofertas." Segundo Ariely, a região aguça o instinto de caça do consumidor, que fica estimulado com a sensação de desbravar as ruas em busca de uma "presa". "As pessoas vêm para cá sabendo que vão fazer um grande negócio, mas elas não têm a menor noção de onde irão encontrá-lo nem quando. Essa parte imprevisível é um sentimento muito estimulante", afirma.

Nas 2 horas em que permaneceu na 25 de Março, Ariely passeou pelas banquinhas de camelô ("Você pode perguntar a ele quanto custa aquele brinquedo do Ben 10 ali?", pediu ele à repórter), entrou no Armarinhos Fernando para conferir se o preço dos brinquedos era bom e ficou impressionado com a ação dos guardas civis fiscalizando os ilegais. "Por que, quando os guardas passam andando, os vendedores saem correndo?", perguntava Ariely, impressionado com a rapidez com que os vendedores ilegais fugiam durante o "rapa" da fiscalização. No fim do passeio, comprou um pen drive de um camelô, por 30 reais, e encerrou a jornada com a compra de figos e a degustação de um sanduíche de bacalhau no Mercado Municipal. "Adorei. Nos Estados Unidos, as pessoas vão ao shopping e ao cinema como forma de entretenimento. Se eu pudesse escolher onde me divertir, escolheria aqui. É um monte de produtos, de coisas acontecendo, muita ação e música", afirmou. "Nunca vi nada igual." (exame)

abaixo, uma imagem da rua 25 de março que no período natalino recebe mais de 1 milhão de pessoas diariamente.


Modem 3G que é pendrive e assite TV digital

A operadora celular Vivo começa a vender, a partir desta semana, modem de acesso à internet móvel 3G com receptor de TV digital integrado.

Fabricado pela ZTE, o modem 3G MF645 é compatível com o padrão ISDB-T da TV digital brasileira e permite sintonia, no computador, dos canais abertos de TV digital nas regiões onde já está disponível. O dispositivo pode ser usado ainda como pendrive.

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