segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Gráficos podem mudar o mundo

A Guerra da Crimeia acontecia no mar Negro, entre 1853 e 1856: um conflito sangrento entre a Rússia e uma coligação entre Inglaterra, França e Império Otomano. Uma guerra normal, com os feridos e mortos de sempre. Mas, às vezes, temos a capacidade de aprender com as tragédias. E esse foi o caso das fatalidades na guerra: elas causaram uma revolução nos hospitais do mundo que, ainda hoje, reduz bastante o risco de morte por infecção hospitalar. O cerne dessa revolução foi uma imagem. Uma imagem que não mostra campos de batalha, soldados feridos ou crianças mortas.

É uma imagem de números – um gráfico. Florence Nightingale, uma enfermeira inglesa, resolveu usar estatísticas sobre a morte de soldados para pintar um retrato da situação.

O diagrama revelou que a maioria dos soldados morria nos leitos de hospitais, e não nos campos de batalha – eram 10 vezes mais mortes causadas por tifo, cólera e disenteria do que por ferimentos de batalha. A falta de ar fresco, luz e higiene nos hospitais provocava milhares de mortes desnecessárias. Era a primeira vez que se via fatalidades militares com números – e o diagrama era tão dramático que o governo ingles resolveu melhorar as condições sanitárias dos hospitais militares. E, assim, reduziu a mortalidade de soldados de 42% para 2,2%. Tudo graças a uma imagem.

Visualização é isso: o poder de contar histórias e tomar decisões baseando-se em dados. Visualizações fazem com que assuntos complexos se tornem concretos e acessíveis. Em 2006, por exemplo, Al Gore transformou o debate mundial sobre aquecimento global ao subir em um guindaste para mostrar uma curva que representava o aumento de CO2 e da temperatura na Terra. Imagine se Al Gore, em vez de gráficos, tivesse mostrado apenas uma tabela de centenas de números? Quantas pessoas teriam entendido a gravidade da situação?

É por isso que a visualização é o fotojornalismo do século 21. Não só retrata os fatos da nossa época, mas motiva o debate. Visualizar dados governamentais, por exemplo, cria um espelho do país, mostrando suas conquistas e mazelas. E fazer isso não precisa ser complicado. Já há sites que disponibilizam, de graça, ferramentas sofisticadas de visualização. Quando eu criei o Many Eyes, imaginei um site onde qualquer um pudesse visualizar os dados que desejasse. Há pessoas que o usam para enxergar o conteúdo do freezer.
Outras, os convidados de seu casamento. Crianças descobrem os tipos de meias que têm em casa. A habilidade de transformar números em imagens e entender o que elas significam será cada vez mais importante. Pois quem brinca de visualizar meias de familiares hoje visualiza o orçamento governamental amanhã.. Veja aqui, 5 gráficos que mudaram o mundo

Fernanda Viégas é pesquisadora e designer computacional na IBM, com Ph.D. pelo Media Lab do MIT.

Do fundo dos oceanos

Projeto mundial que envolve mais de 80 países registra estranhas criaturas das profundezas do oceano – algumas delas nunca antes vistas pelo homem.

O Censo da Vida Marinha (Census of Marine Life) pretende estudar a diversidade, distribuição e abundância da dos animais do oceano. Até agora, o projeto de uma década (com término em 2010) já descobriu mais de 5.300 novas espécies e catalogou outras milhares pouco estudadas.

Uma das descobertas mais recentes é uma nova espécie de criatura conhecida como “Dumbo”. O animal que ilustra essa reportagem (Grimpoteuthis sp.) vive entre mil e três mil metros de profundeza e possui oito braços e nadadeiras na cabeça - que lembram as orelhas do elefante voador da Disney.

Os pesquisadores do Instituto Smithsonian coletaram também o maior exemplar de uma espécie de dumbo já conhecida (Cirrothauma magna), com cerca de dois metros e pesando seis quilos.

Estes só alguns exemplos dos animais encontrados nas profundezas do oceano. Em regiões que podem chegar a cinco mil metros de distância da superfície, já foram mais de 17.650 espécies registradas – criaturas que variam de camarões a vermes.

Vivendo sem jamais ver a luz do sol, a maioria desses animais está adaptada a uma alimentação de restos vindos da superfície, como ossos de baleias, enquanto outros ingerem bactérias que quebram óleo, enxofre e metano.

Dos 14 projetos do Censo, cinco são voltados à exploração dessas zonas do oceano, totalizando 344 cientistas de 34 países. Abaixo, algumas das espécies registradas no projeto.

O Neocyema vive entre dois mil e 2.500 metros abaixo da superfície. Somente cinco exemplares deste peixe foram coletados na história.


A 2750 metros, no golfo do México, um pepino do mar transparente (Enypniastes) se move a dois centímetros por minuto e se alimenta sugando detritos da água com sua boca.



Uma nova espécie de camarão fantasma (Vulcanocallix arutynovi) foi encontrada a 1324 metros de profundidade na lama de vulcões no Golfo de Cadiz.


Nordeste do Brasil, a bola da vez nos investimentos


*revista exame ( clique na imagem para ampliar )

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