Houve um tempo em que a Igreja não comemorava oficialmente o Natal – entre outros motivos, por não saber o dia em que Jesus nasceu. Embora o período tivesse sido mais ou menos calculado (a data seria no ano 6 a.C), em nenhum momento, nos primeiros 200 anos do cristianismo, o dia é mencionado. A especulação só começou por volta dos séculos 3 e 4, em resposta aos festejos promovidos pelos romanos com orgias e banquetes em reverência a divindades pagãs.
Nessa época, pelo menos oito datas diferentes foram propostas para o nascimento de Cristo. Duas datas, entretanto, prevaleceram e são usadas até hoje. Primeiro, veio o 6 de janeiro, uma comemoração feita no Oriente para o suposto dia em que Jesus fora batizado – a Igreja Ortodoxa armênia comemora o “natal” nesse dia.
A partir do ano 336, quando o imperador Constantino já havia declarado o cristianismo como a religião do Império Romano, veio o 25 de dezembro, adotado pela Igreja ocidental. O 6 de janeiro ficou, então, reservado ao dia em que Cristo teria aparecido aos três Reis Magos, herança das lendas epifânicas, nas quais os deuses se manifestam aos seres humanos.
As escolhas das datas não foram aleatórias. Ambas rivalizavam com festas pagãs realizadas no mesmo período, como a da religião persa que celebrava o Natalis Invicti Solis, a do deus Mitra e outras decorrentes do solstício de inverno e dos cultos solares entre os celtas e germânicos. “O 25 de dezembro foi uma conveniência para facilitar a assimilação da fé cristã pela massa de pagãos”, admite Mario Righetti, um dos mais renomados intelectuais católicos, em sua obra História da Liturgia, de 1955 ( aventuras na história ).