É marca reconhecida internacionalmente o humor do brasileiro. O humor do brasileiro é sem limites.Uma boa pergunta é saber de onde vem tanta inspiração? dos primitivos indígenas? dos portugueses? ou terá passado algum ser alienígena por essas bandas e deixado essa receita infalível? A verdade é que de tudo se faz humor nesse país. Ou tenta-se, como recentemente fez nosso Presidente com as suas marolinhas. Mas, ainda bem que ele já encontrou a solução para a crise! cortar impostos de produtos tornando-os mais acessíveis à população e deixar os Estados e Municípios sem recursos para aplicar nas suas ações. Será o avesso do avesso? pois bem, quero republicar abaixo um artigo - publicado no JC de 18/abr, que retrata muito bem o Estado Humorístico Brasileiro (Opa, se forem fundar esse Partido, eu vou cobrar Royalty).
...e uma boa leitura
"Fom-fom, bang-bang e foc-foc - Publicado em 18.04.2009
Joca Souza Leão
jocasouzaleao@gmail.com
Somos um povo original. Original e criativo. Deveras! (Nunca tinha escrito essa palavra, “deveras”. Mas sabia que o dia haveria de chegar. Deveras. Chegou. E para falar do nosso povo. Original e criativo).
Alguém tem notícia de que em algum lugar do Brasil, melhor, do planeta, tenha-se recorrido a algo tão original e criativo quanto a palhaços para reprimir a criminalidade? Estamos falando de crime, crime mesmo, como homicídio doloso. Não é de nenhuma irregularidade ou contravençãozinha não. Pois é. Somos nós, os pernambucanos, com muito orgulho, os autores dessa façanha genial, original e criativa. Só aqui. Só nós. Disseram que o Piauí tentou nos imitar, mas não deu certo, sabe-se lá por quê. Talvez, os palhaços deles não fossem tão bons quanto os nossos. Ou, vai ver, quiseram economizar. Compraram só o projeto. Sem os palhaços.
Viva o humor, o lúdico. É brincando que se aprende. O resto do mundo virou palco do mau humor, dos sem imaginação. Os gringos mal-humorados preferem a ameaça ao conselho, preferem palavras duras aos gracejos. “Se o cidadão beber, dirigir e matar alguém, vai pra cadeia”, é isso que dizem com todas as letras. E para que se cumpra o dito, botam policiais nas ruas. Babacas! Nós botamos palhaços. A Turma do Fom-Fom.
Apesar de ser proibido buzinar, um dos palhaços se chama Bibite. Tem a Morte, o Bêbado, o Celular, a turma é grande. Arte-educadores. Nos cruzamentos das cidades e nas estradas. Taí um dinheiro bem aplicado. Na arte e cultura do nosso povo. Nossos filhos e netos estão aprendendo brincando. Quando crescerem, dirigirão e cumprirão as leis tão bem quanto os suíços (apesar de os suíços não terem contado com tão engenhosa didática).
E eu acabei de ter uma idéia. Aliás, uma idéia que se desdobra em muitas. Todas originais e criativas. Se a Turma do Fom-Fom é o caminho para combater os crimes de trânsito, que tal criar uma turma para cada modalidade de crime?
A Turma do Bang-Bang. Palhaços, obviamente. Para combater a violência nas ruas. Assaltos, sequestros, roubos e furtos. A Turma do Funga-Funga ficaria encarregada do tráfico de drogas. E a do Foc-Foc de estupro. Óbvio que não precisa ficar nessa coisa de nome repetido. À criatividade não se impõe limites. A Turma do Omo, por exemplo, seriam as tropas (conhecidas por "tropógenes") de elite para os crimes de colarinho branco encardido. Os banqueiros dispensariam os exércitos de vigilantes das empresas de segurança e formariam A Turma do Tio Patinhas, baseada nos personagens de Disney e liderados pelos Irmãos Metralha. E por aí vai, cada tipo de crime terá sua turma de palhaços. Bem treinados, com fantasias e scripts próprios.
Quando a coisa pegar, então, a gente começa a vender know-how. Companheiro Lula, o que vai ter de galego de olho azul por aqui vai ser uma festa. Tudo querendo aprender Palhaçologia.
E nós bem é besta de ensinar? Nós vende.
P.S. – A trambiqueira Eliana Tranchesi surrupiou R$ 1 bilhão em sete anos. Da Daslu, direto pro Carandiru. De lá, mandou um bilhetinho pra imprensa dizendo que não sabia por que estava presa, uma vez que não oferecia perigo à sociedade. Ora, ora, dona Eliana. Não seja modesta. No dia em que esteve presa, a sociedade ganhou R$ 391 mil, que é quanto a senhora lhe rouba por dia.
» Joca Souza Leão é publicitário e cronista "