terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sting e Raoni se reencontram em São Paulo.

Foi um reencontro emocionado de dois velhos amigos. O cantor Sting, ex-líder da banda The Police e o líder dos índios kayapó Raoni, abraçaram-se em São Paulo e conversaram sobre a questão da construção hidrelétrica de Belo Monte (principal obra do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC – do governo federal). O motivo continua sendo o mesmo que os uniu há vinte anos e continua em pauta já que a licença prévia para a usina deve ser concedida em janeiro de 2010. Depois, ambos receberam a imprensa para uma entrevista coletiva. À noite, cantaram juntos em show que o cantor fez na cidade.


Em 1989 como hoje, os povos indígenas da região não querem a hidrelétrica, que irá trazer inúmeros impactos a eles e aos ribeirinhos também. Em 1989 como hoje, as populações tradicionais têm a mesma queixa: não estão sendo ouvidas nem consultadas.

Decisão é do povo brasileiro

Durante a coletiva, Sting afirmou que a decisão de construir Belo Monte é do povo brasileiro e que ele, como estrangeiro, só poderia reforçar a importância de que todos os brasileiros precisam ser ouvidos. “Governo não conversou com índio”, disse o líder kayapó Megaron, sobrinho de Raoni, presente ao encontro. “Índio não sabe o que é audiência pública. Pensa que é ir lá para brigar”, afirmou. “Governo não sabe ouvir índio. Lula quer usar seu poder para fazer Belo Monte de qualquer jeito”.
O cacique Raoni, falando em língua kayapó, lembrou de quando foi condecorado por Lula. "Quando o presidente me deu medalhas eu perguntei se ele ia assinar a barragem. Ele disse que não ia assinar. Mas ele nunca nos juntou para discutir sobre a barragem. Por isso fico preocupado. Será que ele vai assinar"? E depois mandou um recado plea imprensa presente: "Não quero barragens no Rio Xingu. Espalhem isso".

Raoni também fez questão de dizer que os kayapó querem paz para seus filhos e netos. Afirmou que seu povo está crescendo, que vive da caça e da pesca, de peixe. “Quero comida para meu povo”, disse o cacique.


Belo Monte na ONU

Sting contou aos jornalistas que sua mulher Trudie - com quem fundou a Rainforest US em 1989, depois de ter participado do encontro de Altamira - havia falado na Assembléia Geral da ONU na semana passada contando a história de Raoni e o caso da hidrelétrica de Belo Monte.

"Há 20 anos eu tinha a intuição de que a floresta era importante para o planeta e há algum tempo a ciência comprovou isso”. Sting relembrou a viagem que fez com Raoni a muitos países do mundo divulgando a importância de demarcar os territórios indígenas e levando o protesto dos indígenas contra a construção de Belo Monte.

O primeiro projeto da Rainforest recém-criada foi apoiar o reconhecimento oficial da Terra Indígena Mekragnoti, Kayapó. Em 1991, a TI foi demarcada.

Na década de 1990, a Rainforest passou a apoiar projetos no Parque Indígena do Xingu, em parceria com o ISA. Entre eles, o monitoramento dos limites do Parque para prevenir invasões e o desenvolvimento de um sistema de educação bilíngue para 14 etnias que ali vivem, estimulando o desenvolvimento sustentável e apoiando a Associação Terra Indígena do Xingu (Atix). O Parque Indígena do Xingu é hoje uma ilha verde preservada no coração do Mato Grosso, pressionada de todos os lados pela expansão da fronteira agrícola.

Também no caso dos índios Panará, a Rainforest Foundation e o ISA desempenharam papel fundamental no retorno desse povo ao seu território ancestral, em 1996, 25 anos depois de um exílio forçado no Parque do Xingu para onde foram levados após quase terem sido totalmente dizimados pela construção da BR 163, rodovia que liga Cuiabá a Santarém, na década de 1970. Os Panará também obtiveram uma vitória histórica, em 2003, ao serem indenizados pelo governo brasileiro por decisão da Justiça. (Saiba mais).

Raoni convidou Sting para participar da inauguração da nova aldeia Kayapó, em abril do ano que vem. O cantor disse que tentaria ir e levaria sua mulher Trudie.

O Encontro de 1989

O ISA sempre acompanhou de perto os debates sobre Belo Monte. Já em 1988, por meio do Programa Povos Indígenas no Brasil, do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi), uma das organizações que deu origem ao Instituto Socioambiental (ISA), denunciou os planos de construir hidrelétricas e outras obras de infraestrutura na Amazônia, sem consulta aos povos indígenas, e mobilizou a opinião pública contra essa arbitrariedade.

Para avançar na discussão sobre a construção de hidrelétricas, lideranças kaiapó reuniram-se na aldeia Gorotire em meados de 1988 e decidiram pedir explicações oficiais sobre o projeto hidrelétrico no Xingu, formulando um convite às autoridades brasileiras para participar de um encontro a ser realizado em Altamira (PA). A pedido do líder indígena Paulo Paiakan, o antropólogo Beto Ricardo e o cinegrafista Murilo Santos, do Cedi, participaram da reunião, assessorando os kaiapó na formalização, documentação e encaminhamento do convite às autoridades.

Na seqüência, uniram-se aos kaiapó na preparação do evento. O encontro finalmente aconteceu e o Cedi, com uma equipe de 20 integrantes, reforçou sua participação no encontro. Ao longo desses anos, o Cedi, e depois o ISA, acompanharam os passos do governo e da Eletronorte na questão de Belo Monte, e os impactos que provocaria sobre as populações indígenas, ribeirinhas e todo o ecossistema da região.

O I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu acabou ganhando imprevista notoriedade, com a maciça presença da mídia nacional e estrangeira, de movimentos ambientalistas e sociais e do cantor Sting, na época líder da banda The Police, que é sucesso até hoje embora tenha se dissolvido. Cerca de três mil pessoas participaram do evento, entre elas 650 índios de diversas partes do país e de fora, lideranças como Raoni, Marcos Terena, Paulo Paiakan e Ailton Krenak; autoridades como o então diretor da Eletronorte, e hoje presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz Lopes, o então presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fernando César Mesquita, deputados federais; 300 ambientalistas, e cerca de 150 jornalistas.

Foi nessa ocasião que a índia Tuíra, prima de Paiakan, levantou-se da platéia e encostou a lâmina de seu facão no rosto do diretor da estatal num gesto de advertência. A cena correu o mundo, reproduzida em jornais de diversos países e tornou-se histórica. O evento foi encerrado com o lançamento da Campanha Nacional em Defesa dos Povos e da Floresta Amazônica, exigindo a revisão dos projetos de desenvolvimento da região, a Declaração Indígena de Altamira e uma mensagem de saudação do cantor Milton Nascimento. O encontro de Altamira é considerado um marco do socioambientalismo no Brasil. (ISA)

O acelerador de partículas

Depois de mais de um ano paralisado, devido as falhas nas sua conexões elétricas, ocorridas no inicio de operação, que danificou alguns supercondutores, o Acelerador de Partículas do centro de pesquisas Nuclear de Genebra, voltou a operar nesta semana e se tudo ocorrer bem, breve novidades científicas teremos. Veja aqui, imagens do acelerador de partículas.

Tango. Fardado? não!


O tango surgiu nos subúrbios de Buenos Aires em meados do século 19. Na beira do rio Riachuelo, nos bares, nos cortiços do bairro sul, nos prostíbulos, estavam os soldados de folga, trabalhadores dos abates, cocheiros, artesãos, marinheiros e peões, em geral homens sozinhos em busca de companhia e diversão. Nestes salões, tocavam-se valsas, milongas, mazurcas, habaneras, polcas e esboços do futuro "tango criollo".

O tango que se dançava já em 1880, composto por Villoldo ou Mendizabal, entretanto, não era o mesmo "tango argentino" que se conhece hoje, de astros como Carlos Gardel ou Astor Piazzolla. A dança em si sofreu algumas mudanças com o passar do tempo, mas permaneceu a cadência entre os movimentos suaves e bruscos.

Os ricos e que se diziam cultos torciam o nariz para o que chamavam de "coisa do proletariado ou de prostitutas". A forma sensual da dança e o fato de ser muito mais espontânea chocava as elites da época. Principalmente na Europa, onde o tango chegou através de Paris em 1907.

Alemão levou bandoneon à Argentina

O jornal britânico Times escreveu em 1913 tratar-se de uma dança extremamente "desajeitada". Preocupados com a propagação entre a sociedade, as autoridades chegaram a tomar atitudes enérgicas: o Papa proibiu o tango e o imperador Guilherme 2º da Alemanha não queria que seus oficiais o dançassem de uniforme. Já uma regulamentação do Balé da Cidade de Viena proibiu que ele fosse incluído entre as danças executadas pelo seu corpo de baile.

Uma das grandes características do tango, se não a principal, é o instrumento em que tradicionalmente é tocado: o bandoneon, levado para a Argentina por Heinrich Brand, da cidade alemã de Krefeld.
Pouco a pouco, a dança foi conquistando espaço nos salões. Até a moda adaptou-se, pois as damas precisavam de liberdade de movimentos. Poiret, por exemplo, criou o "tango look", com vestidos de ombros de fora, acinturados, decotados, que elas usavam sobre calças justas até o tornozelo, ou então saias justas de "chiffon", com aberturas generosas. Nas cabeças, boinas em forma de turbante, com penas.

Até mesmo as madames da alta sociedade começavam a gozar de mais liberdade. Era a época das revoluções cultural e industrial na Europa, em que se buscava mais independência e mudanças no estilo.
Na década de 20, compositores famosos como Igor Stravinsky, Paul Hindemith e Ernst Krenek acrescentaram o tango às suas composições e assim abriram espaço para o gênero nas salas de concerto e nas óperas. (Dweller)

Banda larga será direito público na Espanha

Todos os cidadãos espanhóis, a partir de 2011, terão direito ao acesso a internet com velocidade mínima de um megabyte por segundo, de acordo com o governo do país.

A medida faz parte de uma série de reformas na legislação das telecomunicações da Espanha para tornar a banda larga um direito público, com preços acessíveis e fixados.
Responsável pelos atos, o governo do país decidiu que as conexões devem fazer parte de um pacote básico de benefícios, que inclui ainda uma linha fixa, o acesso para deficientes, o direito a telefonias públicas e cabines telefônicas.

A reforma legislativa valerá também para áreas rurais e pouco povoadas, segundo o jornal El País. Tais regiões, com pouco interesse comercial, terão acesso fornecido por empresas que ganharão subsídios do governo.

Na Espanha, diz a publicação, apenas 39 mil pessoas têm acesso a uma velocidade inferior a um megabyte por segundo, uma fração pequena se comparada com o total de 9,5 milhões de acessos em banda larga no país.

A ampliação do serviço é apresentada como uma forma de alavancar a indústria espanhola de conteúdos digitais. Em 2008, o setor faturou 5 bilhões de euros, o que representa um crescimento de 15,8% do ano anterior.

Com a mudança na legislação, os espanhóis seguirão o mesmo caminho da Finlândia. Esta semana, o país anunciou que planeja prover internet rápida (de um megabyte por segundo, no mínimo) para todas as casas e escritórios de seu território até julho de 2010.

Caribé (pintura brasileira V)

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