segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Vinhos franceses: a ameaça do aquecimento global


Antes das oito horas da manhã, em meados de agosto, o sol já queimava a pele dos colhedores de uva. Como as uvas estragam se forem colhidas no calor, a jornada de trabalho nesta vinícola na região do Languedoc acabou bem antes do meio-dia. Na cidade de Murviel-lès-Montpellier, onde o termômetro geralmente excede os 30°C em agosto, antes as colheitas precoces eram exceção e hoje são a nova regra. Para Joël Anthérieu e Edith Bez, donos da vinícola do Clos d’Isidore este ano a safra começou no dia 17 de agosto — bem antes do esperado.

“Normalmente, colhemos no início de setembro”, diz Edith. “Mas este ano se tivéssemos esperado não haveria mais nada além de suco de uva”, diz. Não muito longe dali, na vinícola de Régis Sudre, a mesma situação aconteceu. “Este ano colhemos quinze dias à frente do que pensávamos que faríamos. As temperaturas altas melhoram a qualidade das uvas, mas só até certo ponto. Depois estraga”, diz o dono do Domaine Saint Julia. Essa mudança no ciclo de produção tem como causa , segundo produtores, analistas e o governo francês, algo que o presidente americano Donald Trump tenta negar: extremos climáticos provocados pelo aquecimento global.Em outros lugares do Languedoc, algumas vinícolas colheram o Muscat a partir de 3 de agosto, e a colheita para o vinho branco começou oficialmente na região no dia 9 de agosto. Datas nunca vistas antes. Nem mesmo em 2003, quando as temperaturas na Europa passaram dos 50°C — uma das mais fortes ondas de calor da história do Hemisfério Norte — as datas da colheita foram tão antecipadas.

E o Languedoc não é a única região afetada. Praticamente em toda a França, passando pela Alsácia, Borgonha, Bordeaux, Jura, Vale do Loire, Vale do Ródano… em todas as regiões viticultoras as uvas se adiantaram. Em algumas comunas de Champanhe a colheita começou em 26 de agosto ao invés do esperado 8 de setembro...CONTINUE LENDO

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