sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Em ritmo de África do Sul

Afinal, quanto carbono uma árvore sequestra?

A internet está cheia de calculadoras para identificar quantas árvores precisamos plantar para compensar nossas emissões de gás carbônico e, com isso, reduzir nossa parcela de culpa pelo efeito estufa. O problema é que, por trás de cada uma dessas calculadoras, metodologias e referências distintas fazem com que os resultados variem bastante. Afinal, uma muda de jequitibá cresce de forma e com velocidade completamente distinta de uma muda de picea (espécie de clima frio) plantada na Rússia.

Diante dessa dúvida, fomos a campo para verificar com quanto contribuímos para fixação de carbono a partir do plantio de espécies nativas da Mata Atlântica. O trabalho, publicado agora pela revista Metrvm, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP), avalia os modelos de biomassa florestal e o teor de carbono de espécies nativas amplamente utilizadas em áreas de restauração florestal no Estado de São Paulo.

O modelo gerado estima o carbono fixado pelas árvores num horizonte de 20 anos, tendo como variável dependente o diâmetro das árvores. Ou seja, agora, para povoamentos de Mata Atlântica semelhantes aos medidos, pode-se estimar o teor de carbono fixado pelas árvores a partir de uma simples medição de diâmetro delas. Porém, para que o modelo apresente uma confiabilidade maior, será necessário que sejam feitas remedições bianuais, nas mesmas árvores, para que o modelo seja constantemente ajustado e seu grau de confiabilidade vá aumentado com o tempo.

Na etapa do projeto já desenvolvida, além da coleta de amostras para análises laboratoriais, de carbono e densidade básica, foram também medidos outros elementos, como o diâmetros e o comprimento do tronco das árvores, e o peso da madeira e das folhas. Foram avaliadas áreas de quatro reflorestamentos distintos implantados entre 2000 e 2005 no estado de São Paulo.

Os resultados mostram que há grande variação no crescimento das florestas plantadas com essências nativas. Além de aspectos de clima e solo locais, essas diferenças se devem aos tratos culturais recebidos pelas plantas e à qualidade das mudas plantadas.

O material genético também faz diferença, visto que, em cada região, os plantios foram executados por diferentes instituições. Não obstante, cada região tem uma idade de plantio distinta da outra, o que acaba impossibilitando a definição de uma curva de crescimento comum.

Os cálculos resultaram numa estimativa média de 249,60 quilogramas de CO2 equivalente fixados, até o vigésimo ano, pelas árvores amostradas. Porém, dadas todas as restrições da pesquisa, aliadas ao fato de a curva de crescimento das árvores provavelmente não ser linear, concluiu-se que esse indicador poderia estar superestimado. Para que pudesse ser feito um cálculo mais exato seria necessário acompanhar a curva de crescimento das árvores por mais tempo. Como indicado acima, esse acompanhamento já está previsto na continuidade da pesquisa.

O problema é que a demanda por um índice de compensação de CO2-equivalente é imediata, sendo necessário agora um número para balizar as conversões feitas no Brasil.
Assim, com uma atitude conservadora, foram adotados os resultados identificados na pior amostra observada (na região de Valparaíso-SP), tendo sido projetada a captação de 140 kg CO2-equivalente por árvore aos 20 anos de idade. Desse modo, enquanto não dispusermos de uma curva de crescimento totalmente confiável, podemos trabalhar com o número de 7,14 árvores da Mata Atlântica para compensar cada tonelada de CO2-equivalente emitida.

*Jeanicolau Simone de Lacerda é consultor em negócios florestais da KEYASSOCIADOS

Uma árvore com 2700 anos

Nazca, Peru



Em Setembro de 1936 arqueólogos descobriram, nas proximidades da cidade peruana de Nazca, no sopé dos Andes, alguns sulcos em linha reta no solo dos pampas. A interpretação, na época, foi a de que eram antigos canais de irrigação. Alguns anos depois, o professor de História norte-americano Paul Kosok e a geógrafa alemã Maria Reiche encontraram incontáveis outros sulcos - muitos dos quais não são retos, mas ordenados em forma de espiral.

Perplexos, os pesquisadores verificaram que outras linhas, quando observadas do ar, formam imensas figuras no chão: um beija-flor, um cachorro, uma aranha, um macaco e um condor com uma cauda de quase 50m de comprimento. Juntas, as obras de arte cobrem uma área de quase 400km2. As linhas realmente teriam sido canais de irrigação?
Paul Kosok estava cético. Em 1941, ele notou que na época do solstício, o Sol se punha diretamente em cima de uma das linhas e concluiu que os outros sulcos também tinham uma ligação com o firmamento. O professor afirmou, então, que as Linhas de Nazca compunham "o maior livro astronômico do mundo". Maria Reiche ousou ir além, sugerindo que as figuras eram símbolos para significativas constelações. A aranha, por exemplo, representaria o grupo de estrelas de Orion. Segundo ela, as Linhas de Nazca constituíam um gigantesco calendário para fins agrícolas.
Em 1968, um professor de Astronomia cartografou os sulcos e examinou se eles de fato se orientam pelas estrelas, como afirmaram Kosok e Reiche. Ele só encontrou relações astronômicas em poucos casos.
A esta altura, porém, os arqueólogos já ofereciam uma outra explicação para o surgimento desses geóglifos: a erosão havia coberto o deserto pedregoso da região de Nazca com uma camada preto-amarronzada. Para desenhar as linhas claras na paisagem, os índios peruanos teriam, provavelmente, raspado esse estrato, entre 100 e 600 d.C., para revelar o chão de areia esbranquiçada abaixo dela. Mas qual a finalidade de tamanho esforço?
A teoria mais convincente atualmente é a de que, num passado distante, os índios criaram as linhas para percorrê-las em procissões festivas. Especialmente os geóglifos de animais teriam servido aos xamãs como trilhas ritualísticas para cerimônias de magia. A antiquíssima suposição de que os sulcos foram criados para irrigação também está sendo reavivada por alguns pesquisadores: seria bem possível que as cerimônias ao longo das Linhas de Nazca servissem para invocar arcaicos deuses da chuva.

* veja em Museu do dia, na coluna ao lado, mais informações sobre as linhas de Nazca.

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