
Nos Estados Unidos, o principal mercado do mundo, as vendas de LPs em 2009 devem chegar a 2,8 milhões de unidades, ou 50% mais que o número de 2008, segundo dados da Nielsen SoundScan, entidade que monitora a indústria fonográfica. Os CDs seguem em direção contrária, embora representem um mercado muito maior. A última estatística disponível, referente a setembro, chegou a ser comemorada -- queda de "apenas" 5,9% nas vendas. O sopro de otimismo da indústria ocorreu porque foi o segundo mês do ano com um declínio menor que dois dígitos. Em resposta a esse ressurgimento do som analógico, a indústria de equipamentos de som vem apresentando versões para o século 21 dos toca-discos. Durante boa parte dos anos 80 e 90, a tecnologia desse produto simplesmente hibernou e ele era visto com mais frequência nas mãos de DJs do que nos equipamentos de som domésticos. Agora, a coisa mudou. Agulhas de ouro, dock para gravação das músicas direto para um iPod e feixe de laser para ler os sulcos das bolachas estão entre os acessórios disponíveis nessa nova geração de vitrolas. Os preços podem superar os 500 000 reais.

O relançamento de bolachões de alguns dos dinossauros do rock pode dar a falsa impressão de que o renascimento do vinil faz parte de uma onda saudosista, da mesma veia retrô que transformou as velhas geladeiras em objetos descolados de decoração. Na verdade, até consumidores da era digital andam à procura de LPs e toca-discos nas lojas especializadas. Na montagem de modernos home theaters, os equipamentos de som analógicos passaram a ser itens cada vez mais requisitados. "Em 20% dos projetos, nossos clientes pedem para incluirmos toca-discos", afirma Patrícia Duarte, uma das sócias da Raul Duarte, um dos pontos de venda mais tradicionais de São Paulo no comércio de aparelhos de som de última geração. Além da qualidade sonora - para muitos audiófilos, o vinil ganha de goleada do CD nesse quesito -, a falta de praticidade do produto é, curiosamente, um dos diferenciais que provocam fascínio entre os compradores. "Não dá para ouvir um vinil no ônibus, na praia, na pista de cooper", afirma o baterista Charles Gavin, que se divide entre o trabalho com os Titãs e as funções de produtor musical especializado no relançamento de pérolas perdidas no catálogo das gravadoras. "As novas gerações estão descobrindo o prazer que há no ritual de colocar um disco para ouvir na vitrola. Para essa turma, é uma forma diferente de degustar suas bandas preferidas." (exame)