sábado, 11 de dezembro de 2010

A história do vinho no Brasil


Daria um filme ou até uma série de televisão contar a história do vinho no Brasil. Seria uma narrativa repleta de aventuras, frustrações, vitórias, sofrimentos, protecionismos e até patriotismo maligno.
O povo brasileiro, alegre por natureza, ainda não descobriu o quanto a sua felicidade seria mais completa se consumisse mais vinho. Tratado até recentemente como bebida de uma "elite esnobe", o vinho hoje já é encarado como uma bebida normal e o consumidor neófito vem descobrindo que sempre existe um vinho para o seu gosto e que cabe em seu bolso. Assistimos hoje uma revolução no consumo, mas essa euforia tem só 40 anos, porque foi só a partir dos anos de 1970 que o vinho começou a se expor ao consumidor e recebeu uma roupagem de comunicação que não tem volta.
Conhecer essa história é uma bonita viagem que parece não ter fim.

Desde Cabral a Brás Cubas
Partindo rumo ao desconhecido, a frota de Pedro Álvares Cabral zarpou de Lisboa no dia 9 de março de 1500. Para manter o nível da tripulação em alta, preparar e higienizar alimentos, dar vinhos para as missas diárias celebradas em cada uma das 13 naus de sua esquadra, um dos navios foi ricamente abastecido de um vinho tinto adquirido na antiga propriedade conhecida pelo nome de Pêra Manca, no Alentejo.

Em uma viagem de aventura, com tempestades a assolar a frota, é natural que o vinho não tenha se mantido bom, tanto que os dois índios que foram levados a presença do almirante Cabral não gostaram do que provaram e cuspiram o líquido todo. Aqueles nativos estavam acostumados a degustar o Cauim, um fermentado obtido da mandioca. Sendo assim, o Cauim é o primeiro vinho dessa nova terra.

Um fidalgo chamado Brás Cubas, nascido no Porto, foi o primeiro viticultor do Brasil


Em 1531, a coroa portuguesa envia Martim Afonso de Souza para dar início ao domínio efetivo da "Nova Terra". A partir de março de 1532, um fidalgo chamado Brás Cubas, nascido na cidade do Porto, torna-se o primeiro viticultor do Brasil. Após fundar a Vila de Santos e o primeiro hospital dessa terra, ele manda cultivar as cepas trazidas de Portugal nas encostas da Serra do Mar, onde hoje se localiza a cidade de Cubatão. Não dando certa a experiência, Brás Cubas sobe a serra e, aconselhado por João Ramalho, implanta um vinhedo "pelos lados de Tatuapé", sendo este empreendimento mais bem produtivo, tendo recebido uma citação do padre Simão de Vasconcelos como "as fecundas vinhas paulistanas". Ao mesmo tempo, os índios que por aqui habitavam eram grandes mestres na arte de preparar bebidas, tanto que esse padre conseguiu identificar 32 tipos diferentes de vinhos fermentados de raízes de frutas.

O vinho comum já era parte da riqueza da cidade de São Paulo (retratada por Debret ao lado) por volta do ano de 1640. Na mesma época, os holandeses chegaram ao nordeste do Brasil e Maurício de Nassau iniciou o cultivo na ilha de Itamaracá
A vinha como forma de assentar o homem

São Paulo parecia ter a vocação para a grande produção de uvas e consequentemente vinhos. As Bandeiras, que partiam de Piratininga, levavam estacas de videiras para serem cultivadas, pois era mais um item que ajudaria nas conquistas de nosso vasto interior, ao mesmo tempo por ser uma cultura de fixação do homem à terra e que ajudava na ocupação do vasto território.
Com a instituição por Dom João III das Capitanias Hereditárias, o Brasil foi loteado em 14 partes, embora só duas dessas Capitanias tiveram sucesso, a de Pernambuco e a de São Vicente. Mesmo assim, o tráfego de vinhos vindos de Portugal aumentava a cada dia em todo território brasileiro.
O vinho comum, rude, sem nenhuma qualidade, já era parte da riqueza da cidade de São Paulo por volta de 1640. Sua importância era grande e os vinhedos do município se estendiam para além do Tamanduateí, chegando até Mogi das Cruzes. Com isso, a primeira Ata da Sessão de implantação da Câmara de São Paulo, de 1640, tratou da padronização da qualidade e dos preços dos vinhos aqui produzidos.

Concorrência do açúcar e ouro
Neste mesmo período, os holandeses chegaram ao nordeste do Brasil e logo se dedicaram à exploração do açúcar. Quase uma centena de engenhos no entorno de Recife e interior de Pernambuco pertencia a judeus holandeses e cristãos novos portugueses. Para suprir o consumo de vinhos dessa gente, quer para acompanhar os ritos religiosos ou para as refeições, Maurício de Nassau inicia o cultivo de videiras na Ilha de Itamaracá e sem nenhuma modéstia revela:
"São as melhores uvas desta terra", tanto que manda pôr três cachos das mesmas no Brasão d'Armas da ilha, criado pelo pintor Franz Post.

Logo toda a euforia agrícola que o vasto território oferecia foi posta de lado com a descoberta de ouro "nas Gerais e em Goiás". Teve início então o abandono em todo o Brasil das culturas agrícolas e o sonho de ficar rico com o ouro da noite para o dia tomou conta do povo. Chegou-se ao cúmulo de faltar alimentos em todo o território, porque os braços que antes cultivavam e colhiam agora lavravam o ouro.
Assim, um barrilete de 5 litros de vinho era vendido em Vila Rica por 700 gramas de ouro. O vinho acabou virando objeto de desejo e símbolo de riqueza. Tanto que, em São Paulo, um certo padre Pompeu, que possuía grandes vinhedos e um enorme rebanho foi assim descrito pelo historiador Charles Baxer: "Um paulista que era padre secular e abastado senhor de terras, atuando igualmente como agiota e banqueiro".


Euforia agrícola durou apenas até a descoberta de ouro


Proibição da manufatura à abertura dos portos
Definitivamente nesta época, o vinho já era um item de primeira necessidade que gerava uma boa receita no comércio, ao mesmo tempo em que era um prêmio a todos aqueles europeus que aqui estavam, pois esse néctar ajudava a matar um pouco a saudade da terra natal.

Com o Brasil crescendo, ficando rico, algumas pequenas indústrias iam surgindo, fato que retirava um bom número de receita de Portugal. Então, como éramos colônia, a rainha Dona Maria I baixa um alvará em 5 de janeiro de 1785 proibindo toda a atividade manufatureira no Brasil. Nada podia ser transformado e depois vendido, tudo tinha que vir de Portugal. Seguramente esse alvará sepultou a jovem indústria vitivinícola no Brasil.
Com Napoleão infernizando a Europa, a família real portuguesa chega ao Brasil em 1808. Com ela, 90% da corte e mais centenas de pessoas letradas e profissionais liberais vieram também. Os 13 anos de permanência de Dom João VI no País, com a sua corte e a abertura dos nossos Portos, trouxeram muitos vinhos para cá de todas as partes do mundo.
No entanto, não se pode esquecer que, a partir de setembro de 1756, Portugal nos impôs grandes cotas de Vinho do Porto, através dos escritórios sediados em Recife, Salvador e Rio de Janeiro, da Companhia Geral da Agricultura dos Vinhos do Alto Douro. Todo Vinho do Porto que os ingleses não compravam, comprava o Brasil.

Independência e imigrantes
Em 1821, Dom João VI retorna a Portugal e grande parte da sua corte o acompanha. Seu filho, o príncipe Pedro, já então casado com Dona Leopoldina, filha do Imperador da Áustria, cuida dos destinos do Brasil, até que após o 7 de setembro de 1822 torna-se o Imperador Dom Pedro I.

Dona Maria I (à esquerda) baixou alvará proibindo atividade manufatureira em 1785, o que sepultou a jovem indústria vinícola. Antes, Portugal já impunha a compra de cotas de Vinho do Porto. Com Dom Pedro I (à direita) começa a ocupação das terras ao sul do Brasil
Desse período do Brasil Colônia até o início da República, em 1889, nossas relações com os vizinhos do sul (Argentina, Uruguai e Paraguai) sempre tiveram problemas. As terras do hemisfério sul eram muito disputadas devido às suas riquezas naturais. Para por fim a isso, Dom Pedro I autoriza o fluxo migratório para a ocupação daquelas terras. Em 1824, chegam os alemães formando a primeira colônia, a de São Leopoldo, próxima a Porto Alegre. Logo se deu início a uma atividade industrial.


Fluxo imigratório italiano para a região da Serra Gaúcha perdurou por 10 anos

Já no reinado de D. Pedro II, o movimento pelo fi m da escravidão crescia a cada dia. Em 1857, a Lei Euzébio de Queiroz decreta o fim do tráfego negreiro para o Brasil. Fatores como esse e mais a necessidade da ocupação territorial do País intensificam a criação de uma política imigratória.


Os italianos
A Itália que hoje conhecemos, criada a partir de 1870, vivia dias de miséria, incertezas e amargura. Atravessar o Atlântico e ter um punhado de terra só seu - de onde pudesse tirar o sustento de sua família - era o sonho dourado de milhares de italianos. As duas necessidades se completaram entre os anos de 1870 e 1875. Assim, o exército brasileiro mapeia uma grande porção de terra na Serra Gaúcha, traça estradas, divide lotes com tamanhos diversos e inicia a venda desses lotes às famílias italianas, que tinham 12 anos para pagarem por essas terras.

Então, uma verdadeira odisséia implantou-se na Serra, abastecida de determinação e coragem desses imigrantes italianos nascidos no Vêneto, Lombardia e Trento. Um grande fluxo migratório perdurou por 10 anos e esse povo deu início ao que chamamos de "indústria vinícola brasileira".

A cidade de Bento Gonçalves em 1901
Implantando vinhedos idênticos aos de sua terra, mas com uma uva americana, a Isabel, o vinho brasileiro saiu da produção familiar e, aos poucos, foi virando um negócio. Enquanto esse vinho circulava na Serra Gaúcha, as dificuldades eram poucas, mas novos mercados precisavam ser abertos. Então, os carroções e até mesmo o lombo dos burros eram os meios de transporte para que o vinho descesse a Serra e encontrasse o consumidor final. Muitas foram as perdas nesses primeiros tempos. A falta de higiene e cuidados básicos, muitas vezes, comprometia safras inteiras.


Em 1912, é fundada a Federação das Cooperativas do Rio Grande do Sul

A mão do governo e as cooperativas

Alguns produtores mais ousados não gostavam de ver seus vinhos comprados a preços irrisórios, especialmente depois de saberem que esses mesmos vinhos eram vendidos por até cinco vezes mais nos grandes centros de consumo. O governo estava atento, não pelo fato de proteger o produtor, mas sim porque essas transações comerciais não rendiam nada de impostos.

É do ano de 1910 em diante que vão surgindo as empresas de vinho no Brasil, pois o governo federal queria arrecadar impostos sobre a produção e comercialização das uvas e dos vinhos. Para instruir os novos produtores a se organizarem, o governo contratou o advogado italiano José Stefano Paterno, expert em montagem de cooperativas, que obtivera muito sucesso com a implantação das mesmas na Itália e no Paraguai. Assim, em pouco tempo, mais de 30 cooperativas estavam organizadas e, em 1912, é fundada a Federação das Cooperativas do Rio Grande do Sul.
Após esse júbilo, uma série de crises durante o governo do Marechal Hermes da Fonseca fez com que o sistema de cooperativas praticamente se desfizesse e os negociantes individuais de vinhos assumissem a posição de "única salvação" para a jovem e inexperiente indústria vinícola.


Vinhos com nome e sobrenome
Ficava patente que o agricultor familiar deveria ser treinado com afinco nas artes de preparar e implantar vinhedos, colher e elaborar vinhos e gerir o comércio dos mesmos. Para colocar a casa em ordem, a Escola de Engenharia de Porto Alegre contrata, na Itália, um grupo de experientes professores liderados pelo enólogo e engenheiro Celeste Gobbato, que se tornaria o líder de uma revolução pacífica na Serra Gaúcha, cujos resultados podemos sentir até os dias de hoje. A partir desse período, o brasileiro começa a conhecer vinhos que tem nome e sobrenome. É esse o marco divisório da cultura artesanal para uma indústria forte que nunca mais parou de crescer.


A partir de 1920, o produtor, agora com mais experiência de campo, dá os primeiros passos na busca de maior qualidade para os seus vinhos. Ele começa a olhar para as uvas vitiviníferas, cujo rendimento na produção é menor, mas a qualidade do produto é muito maior.
Os vinhos elaborados com a uva Isabel e alguns de Bonarda começam a fazer escola, primeiro envasados em cartolas (pipas) de 400 litros, de madeira de grápia, e são comercializados a granel nos grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro. Em seguida, surge a figura do garrafão de 5 litros que, depois de arrolhado, recebia um lacre de gesso branco. Uma vez aberto, o ideal era consumi-lo todo, mas tal não acontecia, o que prejudicava muito a qualidade.
A prática de falsificar o vinho gaúcho nos grandes centros consumidores do Brasil foi o ponto alto para a criação, em 1927, do Sindicato Vinícola do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre, que passou a funcionar como regulador da oferta e da procura, e controlando a produção e a comercialização de todo o vinho produzido no Rio Grande do Sul.


Em 1929, José de Moraes Velhino reúne um grupo de amigos e funda a Sociedade Vinícola Riograndense, cujo rótulo nascido dessa sociedade - Granja União - faria história no Brasil. Além de comprar e escoar toda a produção de uva e vinho de Caxias do Sul, a Sociedade implantou o projeto Granja União, cultivando muitos hectares com diversas cepas vitiviníferas europeias. Até um grande parreiral da uva portuguesa do Douro, a Souzão, foi implantado. Naquela época, o vinho mais vendido no Brasil era o Porto. Então, não custava sonhar em fazer um vinho semelhante.
A partir de 1920, os produtores começam a olhar para a qualidade
Como resultado positivo, a Sociedade estimulou aos demais produtores e, assim, no início dos anos 30 a Serra Gaúcha assistiu ao nascimento de mais de 25 cooperativas, muitas delas resistindo bravamente até os dias de hoje e fazendo muita história com a gama de vinhos que disponibiliza no mercado.


Vinícola Aurora ajudou a tornar o vinho popular com seu Sangue de Boi
As referências do vinho da Serra Gaúcha
Acompanhando o crescimento do comércio, o vitivinicultor gaúcho ia, aos poucos, se escolarizando em sua arte. Deve-se ao grande professor italiano que fincou raízes no Brasil, Celeste Gobbato a edição do livro "Manual do Vitivinicultor Brasileiro", onde tudo o que fez e testou na Estação Experimental de Viticultura e Enologia, instalada em Caxias do Sul, era apresentado de forma ilustrada e muito didática. Este manual foi tão lido quanto a Bíblia na Serra Gaúcha.

Chegamos à década de 1940 e o Brasil conheceria três grandes "leões" nesse mundo da uva e do vinho: os médicos Luiz Pereira Barreto e Campos da Paz e o agrônomo Julio Seabra Inglez de Sousa. Os dois primeiros insistindo e provando que o Brasil tinha grande potencial para investir na vitivinicultura, fazendo cultivar cepas resistentes ao nosso clima, em que os altos índices de umidade provocaram muitas doenças nas castas mais delicadas. Já o professor Inglez de Sousa, da Escola de Agronomia Luiz de Queiroz, de Piracicaba, em São Paulo, estudava in loco e academicamente toda a vitivinicultura brasileira. Seu livro "Uvas para o Brasil" até hoje é considerado um clássico e um marco nesse assunto.



Varietais, Sangue de Boi e nomes alemães e franceses
Reinava no início dos anos 50 a coleção de vinhos varietais da Granja União de Caxias do Sul. A fama desses vinhos era tanta que o brasileiro foi se acostumando a pedir vinhos pelo nome de suas castas. Assim Cabernet, Merlot, Riesling, Bonarda, Malvasia di Candia e tantas outras foram criando nichos de admiradores pelo território nacional. No campo dos vinhos populares, o Sangue de Boi da Cooperativa Vinícola Aurora iniciou seu domínio e alguns milhões de garrafões de 5 litros passaram a conviver intimamente nos lares do Brasil.

No início da década de 70, a indústria vinícola nacional dá o seu segundo grande salto. A qualidade encontrou no marketing a sua grande aliada, os rótulos começam a ser bem elaborados e as marcas com nomes franceses e alemães passaram a dominar o mercado, como Château Duvalier, Château D'Argent, Saint Honore, Jolimont, Château Lacave, Clos de Nobles, St. Germain, Conde Foucauld, Bernard Tailand, Forestier, Gran Bersac, Katzwein, Nachtliebewein, Loreley, Kiedrich, Johannesberg etc. Os nomes alemães, por sua vez, ainda aproveitam a grande onda de sucesso no Brasil dos vinhos alemães importados de garrafa azul.

Nos anos 50, reinava a coleção de vinhos varietais da Granja União, de Caxias

Ações isoladas de qualidades superiores como as apresentadas pelo viticultor e sonhador Oscar Guglielmone, com o seu vinhedo localizado em Viamão, despertavam curiosidades entre os enófilos de primeira viagem. Mas a grande virada ainda estava por vir. E ela seria dada com o interesse das multinacionais das bebidas pelos vinhos do Rio Grande do Sul.


"Invasão estrangeira" e o vinho como negócio
Em um espaço de quase 10 anos instalaram-se no sul do Brasil as poderosas Heublein e a Seagran. Da Itália vieram a Martini e Rossi e a Cinzano, associada à Chandon, da França. Dos Estados Unidos, a Almadén.

Comprando vinícolas familiares tradicionais ou simplesmente começando do zero, esse pessoal acordou o vitivinicultor gaúcho ao mostrar que a modernização era um fato real e a administração científica viria para se sobrepor à administração familiar. Ou seja, todos acordaram para uma realidade que não haveria de ter retorno: o vinho é um negócio.
Embora todos sempre tivessem muito do que se orgulhar de seus antepassados, o negócio do vinho era mais forte e ágil do que as lembranças. Profissionais tarimbados de outros países foram chegando e, aos poucos, impuseram suas teorias e práticas. Junto delas, o pessoal do Colégio de Viticultura e Enologia (CVE) iniciou esse progresso, refez seu currículo e amadureceu para que anos mais tarde pudesse ser implantado um curso superior de enologia. Nomes como Phillipe Coulon, Dante Calatayud, Adolfo Lona, Ernesto Cataluña iam se firmando como criadores de novos estilos de vinhos.



Mais recentemente, produção vitivinícola se modernizou e foi em busca de novos terroirs, indo parar até no Vale do São Francisco
Renovação, busca de novos terroirs e novo saber
Muitas famílias descendentes dos primeiros imigrantes italianos entenderam bem o que se passava e não deixaram escapar a oportunidade de se profissionalizarem oficialmente, criando então novas empresas ou solidificando as já existentes com um alto nível de sofi sticação técnica e muito conhecimento empresarial. Daí surgem Miolo, Pizzato, Lovara, Dal Pizzol, Dom Cândido, Valduga, Lidio Carraro, Dom Giovanni, Pedrucci, Marson, Valmarino e tantos outros que, junto dos mais antigos como Cooperativa Aurora, Salton, Cooperativa Garibaldi, La Cave, redesenham todo o cenário vinícola nacional. Eles não se sentem mais intimidados em inovar, chegando a descer a Serra e buscar novos horizontes para os seus vinhedos, indo cultivar grandes extensões de parreiras projetadas e ordenadas no Vale do São Francisco, no nordeste do Brasil, na Serra Catarinense e na região da Campanha Gaúcha, no extremo sul do Brasil, na fronteira com o Uruguai.

Junto com tudo isso surge, a partir de 1980, o movimento organizado dos enófilos através da criação de confrarias e entidades profissionais que proliferam por todo o território nacional. No início dos anos 90, caem as barreiras de importação e o Brasil, juntamente com os Estados Unidos, Inglaterra e Japão, forma o quarteto que mais dispõe de vinhos do mundo todo.

Brasil vive atualmente o desafio de aumentar o consumo per capita
Aparecem os especialistas, jornalistas ou não, que se dedicam a disseminar o conhecimento do vinho, pois o brasileiro tem sede de saber, embora ainda com o consumo pífio de 2 litros de vinho per capita.
Vivemos o nosso melhor momento, embora alguns retrógrados e aventureiros do vinho sonhem em voltar ao início do século XX, querendo impor controles tributários sobre o vinho, como se tivéssemos governos competentes para fazê-lo. O nosso vinho é uma realidade, ainda iremos nos orgulhar e muito dos espumantes que produzimos. Por hereditariedade, o brasileiro é alegre e o vinho do Brasil só ajuda a manter esse perfil diferenciado de nosso povo  ( da revista Adega ).

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