segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sorvete de caipirinha refresca verão suíço

O consumidor europeu já descobriu a caipirinha há algum tempo, mas neste verão do Hemisfério Norte sua fama cresce. Associado à imagem de carnaval, praia e alegria brasileira, o drinque é encontrado em bares de todas as categorias, com preço que começa nos US$ 10 nos países do velho continente. Agora, num calor realmente tropical, com a temperatura chegando a 35 graus, um suíço foi além: produz o sorvete de caipirinha.

"Adoro caipirinha e daí foi um pulo para produzir o sorvete", diz Paolo Sottile, 40 anos, proprietário da Gelatomania, que o jornal Tribuna de Genebra apresentou como "o melhor sorveteiro do universo".

Numa de suas lojas, nas proximidades do lago de Genebra, onde vende 100 mil sorvetes por mês, Paolo conta que a reação dos consumidores tem sido boa, mas que o produto exige mais atenção. "Preferimos só vender para as crianças com autorização dos pais. Quatro sorvetes equivalem quase a uma capirinha".

Ele produz 20 litros do sorvete com uma garrafa e meia de cachaça. "O consumidor realmente sente o sabor da caipirinha, da mistura da cachaça, limão e açúcar bruto", diz. O aroma é identificado com facilidade. O sorvete de caipirinha tem também seus limites: não é servido na casquinha porque fica inevitavelmente meio aguado. Entra na categoria do que os franceses chamam de "sorbet" e não de "glace" (mais sólido e com creme), e pode ser uma opção para ser oferecido no intervalo de uma refeição mais robusta.

"É uma boa novidade, mas estou sentindo um gosto forte de limão", reagiu uma consumidora, a suíça Monika Buehler, que foi atraída ao sorvete por apreciar o drinque brasileiro. Ela costuma tomar outros sorvetes inovadores de Paolo. Há desde sabores como pina colada (com rum), laranja Campari ou grapa com pera, até sorvete de curry, guacamole, polenta e tapenade
O diretor-executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos Eduardo Lima, não se surpreende com o sorvete suíço. "Aqui mesmo em Brasília já provei sorvete de cachaça", contou por telefone, preferindo não fazer comentários sobre o sabor.

As exportações da cachaça ainda são pequenas, em comparação à visibilidade e o prestígio que o produto e derivados, como a caipirinha, vêm alcançando no exterior, como notam especialistas.
Segundo o Ibric, a capacidade instalada de produção é de 1,2 bilhão de litros, mas menos de 1% da cachaça produzida anualmente é exportada. Hoje, existem 180 empresas exportadoras e o produto é vendido para 55 países. A Alemanha é o maior mercado, com 33% do total.
Em 2008 foram exportados 11,09 milhões de litros, com receita de US$ 16,4 milhões. O crescimento foi de 18% em valor e 20% em volume em relação a 2007, mas a quantidade exportada ainda é considerada tímida diante do sucesso do produto no estrangeiro.

Um entrave ocorre nos Estados Unidos, para onde foram 11% das exportações em 2008. As empresas brasileiras só podem exportar a cachaça se aceitarem a obrigatoriedade de usar o rotulo "Brazilian Rum". Produtores alegam que a definição americana descaracteriza o produto como destilado típico e exclusivo do Brasil e impede um marketing mais agressivo para aumentar as vendas.

O Itamaraty recebeu a promessa do governo americano de que a legislação será alterada, para dar a certificação de origem da cachaça. Para produtores, isso ajudará a fidelizar o produto e a multiplicar as exportações.

O sorveteiro suíço Paolo, enquanto isso, pensa na produção de outra novidade: o sorvete de guaraná. Os pais poderão ficar bem mais tranquilos quando as crianças forem sozinhas às sorveterias. (valoreconômico)

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