domingo, 10 de outubro de 2010

Um templo budista em Portugal


Local foi construído depois de o governo talibã no Afeganistão ter decidido destruir estátuas momumentais e históricas

Portugal é um país fundamentalmente católico. Ao caminhar pelas cidades, logo percebe-se a influência da igreja (ou das igrejas). Contudo, ao passar perto de Óbidos, em uma região tradicionalmente medieval, muitos podem se espantar ao deparar com jardins gramados entrecortados por lagos e – pasmem – figuras de arte oriental, incluindo guerreiros de terracota, dragões e budas.
A cena insólita, mas ao mesmo tempo inspiradora, é curiosa. O que faz um jardim desses na Quinta dos Loridos? Seria uma micro-região portuguesa colonizada por orientais? Não. É um projeto do Comendador José Manuel Rodrigues Berardo (Joe Berardo), um grande mecenas português, natural da ilha da Madeira.

Motivação
Se há algo que a religião (e filosofia) budista prega é a tolerância. Dentre os ensinamentos de Siddhartha Gautama (Buda), alguns mostram que a vida está entremeada ao sofrimento e há maneiras de bem agir para alcançar o caminho da iluminação, o nirvana. Boa parte dos países orientais foram influenciados por essa doutrina de busca pela calma e paz espiritual.

 Não era assim, contudo, que pensavam os talibãs afegãos em 2001, meses antes do atentado terrorista contra as Torres Gêmeas nos Estados Unidos, que mudaria além do governo do país asiático, a história recente da humanidade. No começo daquele ano, os mulás começaram a destruir as históricas estátuas gigantes budistas – belos representantes da arte de Gandhara – que ficavam nas montanhas de Bamyan, no Afeganistão, para apagar os rastros de toda a cultura que não fosse muçulmana.

O Jardim dentro da Quinta dos Loridos, que possui 35 hectares

Diante de uma nação controlada por fanáticos religiosos, ninguém pôde fazer nada para impedir tal barbárie contra obras consideradas patrimônio cultural da humanidade. Diante dessa atrocidade, o Comendador Berardo resolveu criar seu jardim na área já belíssima Quinta dos Loridos, com 35 hectares.

Paz

Entre budas, pagodes, estátuas de terracota e várias esculturas cuidadosamente espalhadas pela propriedade, estima-se que foram usadas mais de 6 mil toneladas de mármore e granito. Os 700 soldados de terracota são pintados à mão e cada um deles é único, encontrando-se alguns enterrados há 2.200 anos atrás durante a dinastia chinesa do imperador Qin. No lago central é possível observar os peixes KOI, e os dragões esculpidos que se erguem da água. A escadaria central é o ponto focal do jardim, onde os budas dourados dão calmamente as boas-vindas.

O site do lugar diz: “Pretende-se, que o Buddha Eden Garden seja um lugar de reconciliação. Sem nenhuma tendência religiosa, abrimos as portas, a todas as pessoas, independentemente, da religião, etnia, nacionalidade, sexo, idade, condição cultural ou social, convidando à união, comunicação e meditação, como forma de redescobrir a felicidade. Ambicionamos, assim, percorrer o caminho contrário à destruição do ser humano e disseminar a cultura da paz.”

Assim, o lugar se transformou em uma instituição cultural sem fins lucrativos. De livre acesso à visitação (doações para ajudar a manter o Buddha Eden são bem-vindas), o jardim é, sem dúvida, um local para meditar e para observar os ideais que norteiam o budismo, como por exemplo a busca pela sabedoria, o comportamento ético, a disciplina mental. Então, se um dia estiver em Portugal e somente o “vinho de meditação” não bastar para acalmar o seu espírito, tente degustá-lo neste éden.
Estima-se que foram usadas mais de 6 mil toneladas de mármore e granito para construir essa maravilha oriental em Portugal. 
Os 700 soldados de terracota são pintados à mão. Alguns pertenceram à dinastia chinesa do imperador Qin
( da revista adega ).

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