Localizada entre a Europa e a Ásia, o que a torna geoestrategicamente importante, a Turquia é um país euroasiático que ocupa toda a península da Anatólia. Ao sul está o mar Mediterrâneo, à sudoeste o Egeu e ao norte o mar Negro. É também nesse país em que se encontram os “Estreitos Turcos”, formados pelos estreitos de Bósforo e Dardanelos, que separam o continente europeu do asiático.
O país é marcado por diversos fatos e mitos ao longo dos anos. Sua identidade foi criada por volta do século XI, quando o povo turco começou a migrar para a região que hoje é conhecida como Turquia. A península da Anatólia, maior porção do atual território turco, é uma região repleta de história, já que é uma das áreas do mundo que há mais tempo vem sendo habitada de maneira contínua, possuindo até assentamentos neolíticos.
Conquistada pelo Império Aqueménida entre os séculos VII e VI a.C., a península foi posteriormente tomada por Alexandre, o Grande, em 334 a.C. Com a morte de Alexandre, ela passou a ser dividida em pequenos reinos tomados pelo Império Romano. Em 324, Constantino I escolheu a cidade de Bizâncio como capital do império, nomeando-a Nova Roma. Bizâncio é a atual Istambul e que, após a morte de Constantino, passou a ser chamada de Constantinopla, capital do Império Romano Oriental e posteriormente do Império Bizantino.
Caminhando um pouco pelo tempo, chegamos aos séculos XVI e XVII, o auge do Império Otomano, abrangendo desde o sudeste da Europa até o sudoeste da Ásia e Norte da África. E foi com a queda deste Império durante a I Guerra Mundial que um grupo de jovens militares criaram uma resistência aos Aliados e estabeleceram o que é hoje a Turquia
É também nesse país repleto de cultura que encontramos a lendária cidade de Troia, local da famosa Guerra de Troia, da história envolvendo o famoso Cavalo de Troia que foi descrita na Ilíada de Homero. Segundo o poeta épico, a guerra teve seu estopim após o rapto de Helena, rainha de Esparta, por Páris, príncipe de Troia.
Tradições do óleo
Não é somente em sua história que a Turquia possui tantas curiosidades e mitos. O país está entre os cinco maiores produtores de azeite do mundo, depois de Espanha, Itália, Grécia e Tunísia. Com isso, é natural que o óleo de oliva faça parte de suas tradições.
Uma das curiosidades está relacionada à vida após a morte. Na terra de Troia, muitos dizem que o caminho para uma pessoa alcançar o paraíso é pavimentado, ou construído, com os caroços das sete azeitonas que todos deveriam comer em seu dia-a-dia.
Outro fato interessante é que o principal esporte do país também possui um vínculo muito próximo ao óleo de oliva. O Yagli Gures, que traduzindo literalmente seria algo como “luta de azeite”, é um esporte que se assemelha à luta greco-romana. Os lutadores, chamados pehlivan (campeão em persa), vestem calças de couro semelhantes à calças utilizadas pelos bávaros, ditas kisbets. Antes do início de cada luta, os lutadores besuntam o corpo do adversário com azeite, um gesto que é considerado uma demonstração de equilíbrio e respeito mútuo.
Estranho, contudo, é que mesmo com toda essa curiosa ligação com o azeite de oliva, aliada à sua grande produção, a Turquia é o país da bacia do Mediterrâneo que menos consome o produto, sendo o consumo per capita de aproximadamente 1 quilograma por ano.
Até o principal esporte turco está relacionado ao azeite. A tradução de “Yagli Gures” significa algo como “luta de azeite” e se assemelha à luta greco-romana |
Óleo turco
O país conta com cerca de 10% da plantação de azeitonas do mundo, o que representa cerca de 100 milhões de oliveiras, sendo um importante produtor de azeitonas de mesa – além de ser o quinto maior produtor do óleo como já foi dito. Esses números, porém, tendem a crescer, devido ao esforço que tem sido feito para modernizar os equipamentos dos lagares e atualizar a tecnologia, afim de aumentar a produtividade.
Grande parte do óleo exportado pela Turquia é um azeite de oliva refinado e a granel para diversos países, como Canadá, Austrália, Estados Unidos e Japão, além dos dois maiores produtores mundiais, Espanha e Itália, que também importam o óleo turco, misturando-o ao azeite local.
Boa parte dos produtores turcos possuem pequenas plantações, sendo sua elaboração um pouco retrógrada. Lá, a colheita mecanizada, por exemplo, é ainda muito rara.
É nas proximidades do mar de Mármara que o cultivo de olivas é mais intenso. O cultivar predominante na região é o Gemlik, utilizado tanto na produção de azeites quanto para ser vendido como azeitonas de mesa.
As costas do Egeu e do Mediterrâneo representam juntas aproximadamente 45% do total da área cultivada do país. Nessas regiões, no entanto, o cultivar predominante é o Memecik. Outros importantes cultivares são o Ayvalik, que responde bem à colheita mecanizada e produz um óleo de boa qualidade, e o Memeli e Cekiste, comuns na região de Izmir.
Dentre os óleos de oliva turcos, provavelmente o mais conhecido seja o da região de Adatepe, terra do Monte Ida, um óleo que tem cor dourada e que, por vezes, tende ao mais esverdeado, possuindo textura agradável, aroma herbáceo e sabor mais delicado, que pode lembrar frutas frescas. ( da Revista Adega ).
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