quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O azeite português

Portugal é banhado pelo Oceano Atlântico, porém, assim como ocorre com os dinamarqueses - que não se localizam na península, mas que ainda assim possuem características escandinavas -, a alma portuguesa é puramente mediterrânea; por suas características climáticas e culturais, e que os levaram a produzir a uva e a oliva.

A história do azeite luso tem seu início - mais provavelmente - na Era do Bronze, passando pelos tempos romanos e proliferado no período da invasão moura, possuindo uma olivicultura muito tradicional até os dias de hoje.

As olivas eram extensivamente plantadas no sul do país e sua produção veio crescendo, ou pelo menos se mantendo estável, até por volta de 1950 - período em que ocorreu o êxodo rural, declinando- se tanto a produção como o seu consumo, que foi substituído por outros óleos vegetais, cujos valores eram muito inferiores.

Tal situação só foi alterada na década de 80, com a adesão do país à União Europeia - justamente quando a olivicultura do país foi incentivada.

Galega
Cerca de quatro quintos das oliveiras encontradas em Portugal são do cultivar galega, originária do norte do Alentejo, dona de um aroma frutado e suave, com sabor herbáceo, de frutas verdes, e com notas amendoadas.
O problema desta espécie é que seu óleo deteriora com rapidez. Apesar disso, foi esta variedade que mais influenciou o gosto do mercado interno de Portugal, que - apesar de possuir grande e premiados azeites - ainda segue a tradição, preferindo azeites com acidez elevada.
As regiões produtoras portuguesas estão localizadas em sua metade oriental, correndo o país de norte a sul, encostadas em sua vizinha Espanha. A única exceção é a região do Ribatejo, que é banhada pelo Oceano Atlântico.

Trás-os-Montes
A região de Trás-os-Montes, atravessada pelo rio Douro, chega a representar 35% da produção nacional. O óleo de sua Denominação de Origem Protegida, que é homônima, possui coloração dourada, aroma e sabor frutado, com notas amendoadas, além de certo amargor e picância. Seus principais cultivares são a Verdeal, Transmontana, Madural, Cobrançosa e Cordovil.

Guarda e Castelo Branco
O cultivar dominante desta região é Galega; seu óleo é amarelo dourado, sabor frutado e, em geral, com notas picantes e amargas. Existem duas DOPs nesta região: Beira Baixa e Beira Alta. As duas, contudo, ainda passam por um processo de modernização, sendo o óleo produzido em maior escala na Beira Alta.

Ribatejo
Ribatejo já foi um dia a região que liderava a produção de azeite. Santarém, cidade que nela se situa, é conhecida por seu óleo de oliva desde o século XIII. Hoje, em contrapartida, a zona é responsável por não mais que 5,5% da produção nacional.
O cultivar dominante é também a Galega, sendo a única oliva permitida no óleo Azeite do Ribatejo DOP. Esta denominação de origem é ainda pouco desenvolvida e possui poucos produtores registrados.

Alentejo
Situada no sudeste de Portugal, fazendo fronteira com a região de Estremadura, na Espanha. Nela existem três Dops: Azeite do Norte Alentejano, Azeite do Alentejo Interior e Azeite de Moura. O primeiro possui um óleo leve e frutado, sendo os cultivares estipulados: Galega, Blanqueta e Cobrançosa.
O segundo é ainda pouco desenvolvido, em que o óleo deve ser elaborado com, no mínimo, 60% da oliva Galega. E por fim, o terceiro e último, Moura DOP, possui um óleo esverdeado, frutado, sendo amargo quando jovem. É elaborado a partir dos cultivares Galega, Cordovil e Verdeal.

Portugal no Brasil
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), entre 2004 e 2008, Portugal passou de 11.118 para cerca de 22 mil toneladas de azeite exportado para o Brasil. Isso significa que 67,3% das exportações de azeite português foram realizadas para cá, gerando receita de 87,4 milhões de euros. (adega)

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