sexta-feira, 9 de outubro de 2009

1979: Partido Verde estreava na administração de Bremen

No dia 7 de outubro de 1979, políticos de orientação ecológica conseguiram em Bremen, pela primeira vez na Alemanha, mais de 5% dos votos e ingressaram na Assembléia da cidade-estado.

O prefeito de Bremen, Hans Koschnik, previu um período turbulento para a Assembléia Legislativa da cidade hanseática, cujo presidente, Dieter Klink, admitiria mais tarde que, naquele dia, o mundo desabara para os social-democratas. No entanto, o que ocorreu na menor cidade-estado da Alemanha, no dia 7 de outubro de 1979, nada mais foi do que uma eleição que confirmou o Partido Social Democrata (SPD) no poder.


A única novidade do pleito foram os quatro novos deputados verdes (Olaf Dinne, Peter Willers, Delphine Brox e Axel Adamietz), que usavam blusões coloridos em vez de gravatas, chamavam a atenção da imprensa e prometiam fazer tudo diferente.

Eles foram eleitos pela Lista Verde de Bremen, ainda antes da fundação do Partido Verde em nível nacional. A Lista Verde era uma mistura de ex-social-democratas frustrados, ecologistas, ativistas de movimentos sociais e esquerdistas inveterados.

Com 5,1 % dos votos válidos, o grupo tornou-se a quarta força política na Assembléia Legislativa da cidade-estado. Um dos eleitos, o arquiteto Olaf Dinne, que estivera nas barricadas do movimento estudantil de 1968 e incomodara os social-democratas com denúncias de nepotismo e manifestações contra a demolição do centro histórico, transbordava de autoconfiança, disposto a quebrar a monotonia municipal.
Convicto de sua eleição, declarou, já às vésperas do pleito, que a consciência dos ambientalistas iria se sobrepor à política pragmática e puramente tecnocrática vigente até então.

De agremiação a partido político

O movimento verde, na verdade, ainda não sabia se queria participar da política institucionalizada ou se preferia fazer oposição. O diretório nacional somente seria fundado na primavera européia de 1980, em Karlsruhe. Mas o clima pré-eleitoral em Bremen era favorável aos verdes. O descontentamento com as enferrujadas estruturas da administração pública era evidente, enquanto os movimentos pacifista e ecológico estavam em alta.

Os partidos tradicionais e os meios de comunicação acusavam os novatos de estar apenas canalizando a revolta. O líder da Lista Verde, Peter Willers, rebateu, porém, que o resultado eleitoral era apenas a ponta de um iceberg. "Não fazemos somente uma política de protesto e, sim, temos idéias concretas para uma política diferente", disse.

As revoltas estudantis de 1968 haviam se restringido às universidades e os novos impulsos reformistas vinham da burguesia. A esquerda não conseguia se coligar com os verdes nem despertava a confiança de grupos autônomos.

O principal líder esquerdista, Rudi Dutschke, via no movimento verde as melhores perspectivas eleitorais e, um ano antes de sua morte, engajou-se ao lado de Olaf Dinnes. Quase profeticamente, ele previu que os verdes se transformariam, a partir da eleição de Bremen, na nova força política da República Federal da Alemanha.

Altos e baixos a caminho da consolidação

Em Bremen, os verdes tiveram seus primeiros quatro anos de aprendizado. Enfrentaram rupturas e dolorosas divisões, desenganos diante dos limites do poder, mas também obtiveram vitórias. Em 1983, já como agremiação estadual em Bremen, aumentaram de quatro para 10 e, na eleição seguinte, para 22 o número de representantes na Assembléia da cidade-estado. Em 1991, participaram durante um curto período da coalizão governamental com os social-democratas (SPD) e liberais (FDP).

A idéia de uma política completamente diferente, "antipartidária", morreu no momento em que o partido passou a integrar o governo federal, em coalizão com o SPD, em 1998.

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