terça-feira, 20 de outubro de 2009

Uma exposição franco-brasileira em Recife

Dulce Araújo nasceu no Recife, onde cursou Belas Artes, mas vive em Paris, tendo começado sua trajetória artística como pintora. Em seguida, tornou-se fotógrafa se projetando num universo de paisagens em preto e branco. Por volta de 1990, procurando sair da fotografia tradicional, Dulce, se entusiasmou com a idéia de trabalhar com o computador como suporte de criação, tornando-se assim infógrafa. Desde então, ela integrou no seu trabalho de imagem « fixa » (em duas dimensões) todo o aspecto digital, ou seja vídeo, fotografia, scanner, utilizando apenas sua própria criação.

A infografia é o elo entre estas duas técnicas e a volta à uma visão pessoal, abstrata ou figurativa de um mundo interior. Os jogos de formas, a mistura de cores utilizadas para efeitos dramáticos criam uma matéria forte e inquietante, como se a frieza informática fosse o melhor reflexo ou a expressão mais adaptada a uma fantasmagoria moderna, ao mesmo tempo dura e nostálgica. Para Dulce, « o prazer de manipular a informática, cria um desejo sensual para expressar paixões, longes de serem neutras. O computador nao é um objeto que distancia as emoções, muito pelo contrário, ele dá um novo impluso de adrenalina às emoções ». Como fotógrafa e infógrafa, Dulce já expôs em Paris, Macau, Lisboa, Pequim, Osaka… e no Recife onde ela está de volta amanhã, quarta-feira, para o vernissage da sua nova exposição « Promenade Urbaine » na galeria de arte Dumaresq até o dia 14 de novembro.

Há quatro anos, Dulce vem fazendo um trabalho sobre o aspecto urbano, não como fotojornalismo, mas com uma visão mais gráfica da cidade, pictórica, onde o elemento banal transforma-se em arte. Na exposição « Promenade Urbaine » da galeria Dumaresq, as « graphiephotos » como ela chama, são quase todas parisienses. As paisagens urbanas de Dulce misturam impressões de luzes e de barroco onde a cidade é vista em espelhos com reflexos de luzes e os seus jogos de sombra. E’ como uma cidade mineral, fragmentada em estilhaços de cores, sublinhada pelos materiais, pedra, cimento, madeira, que fixados na tela lembram tecidos preciosos e bordados. Seus personagens urbanos são captados na sua imobilidade estatuária, em silhuetas fantasmagóricas. Através das formas caleidoscópicas de uma geometria complexa, a sua arquitetura descontraida é sensualizada pela luz, sublimada pela cor, pelo movimento da colmeia urbana, instantes fixos para a eternidade pelo olhar digital, e amassados pelo olhar da artista. O olhar da artista é cinematográfico, evocando a poesia surrealista em zooms fantasmagóricos de temas urbanos « dissociados ». com informações da correspondente do Blog em Montpellier

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