quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Uma exposição de florestas fantasmas

Uma dos principais pontos políticos de Copenhague, a praça do Parlamento, está tomada por árvores mortas. A imagem impressiona: são dez enormes troncos, ainda com suas raízes, de espécies naturais de Gana, na África Ocidental, país que apenas nas últimas décadas perdeu 90% de suas florestas primárias para o comércio de madeira. Dispostas de forma estratégica, as árvores fazem parte da exposição Ghost Forest, da artista inglesa Angela Palmer , e ficam disponíveis para visitação até o final da Conferência do Clima.

A primeira vista, as árvores trazem uma sensação de melancolia, mas, segundo Ângela este não é o recado que ela pretende passar: “as árvores trazem uma mensagem de otimismo e esperança para o futuro”, garante. Nove espécies de árvores fazem parte da exposição. Todas vieram de uma área de manejo florestal de Gana, que hoje vive sob leis mais duras de exploração do que restou.
Além da beleza estética, a exposição Ghost Forest, segundo Angela, é uma boa oportunidade para pensar no futuro das florestas tropicais, justamente no momento em que se discute importantes mecanismos de proteção no âmbito das discussões da ONU, como o REDD (Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação). Para Andrew Mitchell, presidente do Global Canopy Programa, organização que promove alianças entre instituições governamentais e não governamentais para o estudo das florestas, é preciso mudar o mecanismo de exploração dos recursos naturais e aumentar a conscientização dos consumidores para que esse objetivo seja atingido.

“Hoje, pelo sistema econômico existente em toda parte, a única forma de conseguir dinheiro com árvores é cortando-as. No Brasil, por exemplo, a soja e o gado também são responsáveis por gerar desflorestamento e isso é orientado por consumidores como eu, na Europa, que usam o óleo para fritar suas galinhas e porcos no café da manha com bacon e ovos. Tem Amazônia dentro, mas as pessoas não percebem que comem a Amazônia todos os dias. Isso precisa mudar”, diz.

A exposição Ghost Forest também pode ser conferida pelo site do projeto.

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